quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

PROGRAMA DE PESQUISA E CONSERVAÇÃO PRIMATAS MURIQUIS PAULISTAS

Recentemente aprovado pelo Gestor da APA Estadual São Francisco Xavier, parecer positivo para a unidade como objeto de estudo de fauna, além da APA, estão incluso no estudo outros territórios.

O foco principal do estudo em São Francisco Xavier é o Brachyteles arachnoides ou popularmente chamado de "Muriqui". Projeto tem previsão de duração de aproximadamente de 10 anos.



FOTO: Ricardo Martins
ORIGEM: Blog Curiosidade Animal


quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Prefeitura lança Consulta pública de percepção ambiental

Moradores de São José dos Campos podem participar de uma consulta pública de percepção ambiental online e registrar sua opinião sobre temas ambientais .

A pesquisa é eletrônica e o cidadão responderá perguntas sobre a limpeza, coleta de lixo, arborização, qualidade do ar, dos rios e outros dados que servirão para os pesquisadores avaliarem a opinião da sociedade sobre o meio ambiente local.

Os resultados serão usados na construção do Plano Municipal da Mata Atlântica e Cerrado do município, documento que normatiza a proteção e o uso destes biomas em nível municipal, previstos na Lei Nacional da Mata Atlântica (nº 11.428/2006), bem como na Lei do Cerrado (Lei Estadual 13.550/2009), que trata do Bioma Cerrado no Estado de São Paulo e das ações necessárias para sua preservação.

 A pesquisa estará disponível até o final de janeiro de 2018 no seguinte LINK:   CLIQUE AQUI

segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Proposta de Cultura da Palmeira Macaúba no Vale do Paraíba

o Polo Regional Vale do Paraíba e Leste Paulista – APTA, o Centro de Recursos Genéticos Vegetais do IAC, a Prefeitura Municipal de Pindamonhangaba e a  EDR de Pindamonhangaba (CATI) realizarão um evento para apresentar uma Proposta de Cultura da Palmeira Macaúba no Vale do Paraíba. Trata-se de uma planta oleaginosa de ampla ocorrência no Brasil e que gera produtos para as industrias alimentícia, farmacêutica e de cosméticos, além de biocombustível.

Data: 13 de dezembro de 2017

Horário: 9:00-12:00

Local: Auditório da EDR de Pindamonhangaba

Av. Nossa Senhora do Bom Sucesso, 1.181

A APTA-Pindamonhangaba vai implantar uma unidade demonstrativa de plantio de Macaúba.





Tema: Floresta Agrobioenergética no Vale do Paraíba



Sub-tema: O protagonismo da palmeira Macaúba





            A ideia do evento  é reunir  protagonistas que possam alavancar o desenvolvimento da cadeia de produção da macaúba, uma palmeira brasileira produtora de óleo.

            O que nos motiva a promover esse encontro são alguns dados interessantes do mercado de óleo no mundo. 

​​                Praticamente 122 das 187 milhões de toneladas atuais de óleo vegetal produzido no mundo derivam de apenas duas fontes, palma e soja, com participação de 70 e 55 milhões, respectivamente. A palma é cultivada na zona tropical do planeta, sobretudo em áreas anteriormente ocupadas por florestas e o óleo da soja é um produto secundário e de menor valor  para a espécie. Ou seja, a diversificação de matérias primas para atendimento desse mercado pode ser considerando estratégico para o setor. 

​                Por outro lado, uma boa matéria prima para produção de óleo vegetal deve, além de ser economicamente competitiva, apresentar índices técnicos de sustentabilidade superiores aos da palma e da soja. Pois é exatamente isso que a macaúba oferece. Trata-se de uma palmeira americana dos trópicos que vem despertando o interesse de grande número de cientistas, sobretudo do Brasil, por apresentar produtividade e qualidade do óleo semelhante à da palma, com ocorrência espontânea em ampla gama de ambientes tropicais e sub-tropicais da América e ser pouco exigente por água. O seu elevado potencial produtivo e excelentes dados técnicos do óleo, a diversificação de co-produtos de alto valor agregado e a possibilidade de manejo inerente que uma espécie perene e sustentável podem preencher os requisitos mínimos necessários para se afirmar que estamos diante do nascimento de uma nova cultura oleaginosa para os trópicos.

            Podendo ser consorciada com pastagens,  e ser um componente em sistemas agroflorestais.

            Assim sendo, o  evento pretende reunir técnicos, lideranças politicas e de produtores, empresários da cadeia de óleos, agentes do governo, agências de fomento e agentes financeiros, para unir forças visando construir um projeto de desenvolvimento econômico e de baixo impacto ambiental para o Vale. 

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Termômetro do código Florestal



Agora é possível ter, na palma da mão, uma análise ampla do Código Florestal, a mais importante lei ambiental do Brasil, que completou 5 anos da sua última reformulação em 2017.
 O aplicativo “Termômetro do Código Florestal”, desenvolvido pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia – IPAM, acaba de ser lançado na 23ª Conferência do Clima, em Bonn, na Alemanha.
Pelo aplicativo, o cidadão pode checar o cumprimento dos principais instrumentos da lei que já estão em implementação, como o cadastramento no Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Rural (Sicar) , o remanescente de vegetação nativa e os passivos de Reserva Legal (RL) e Área de Proteção Permanente (APP), nos estados e municípios. Disponível no momento somente para Android, uma versão para iOS será lançada em 2018.
 Para Tiago Reis, pesquisador do IPAM, a ferramenta vai permitir ao cidadão comum acompanhar o nível da preservação da vegetação nativa e cobrar do poder público o avanço das questões ambientais. “O   Termômetro aproxima as pessoas da implementação de uma política pública fundamental para a qualidade de vida. Afinal, o Código Florestal garante a nossa água, a produção de alimentos, a qualidade do ar e a saúde como um todo”, afirma Reis.
 Esse nível de transparência e de facilidade de acesso colabora para políticas públicas mais efetivas e pode ser usado como instrumento de análise e controle da sociedade civil para a preservação do seu bioma local, uso planejado do solo e menor incidência de conflitos fundiários.
 Nesta primeira versão, já estão disponíveis dados do CAR em todos os estados do Brasil. O aplicativo usa diversas bases de dados e coloca em perspectiva o status do Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) e dos Programas de Regularização Ambiental (PRA) dos estados, além de oferecer um glossário que explica os termos mais comuns relativos ao Código Florestal. Detalhes sobre os Programas de Regularização Ambiental e outras estatísticas e informações estarão disponíveis em breve. Ao todo, são 42 indicadores presentes.
 O usuário pode, depois de cadastro simples, salvar os dados que mais lhe interessam e ter um acesso rápido e offline dos estados e municípios mais relevantes para a sua realidade. No site do Termômetro uma análise mais detalhada do Código Florestal também pode ser acessada.
Para Natalia D’Alessandro, presidente do Engenheiros Sem Fronteiras no Brasil, que acompanhou o lançamento do Termômetro, essa iniciativa é inovadora ao traduzir tantos dados ambientais. “Achei interessante o quanto essa ferramenta levanta a questão da transparência da informação e como vai ser útil para a academia utilizar esses dados em diversas pesquisas”, disse.

 O aplicativo é uma iniciativa do Observatório do Código Florestal, rede criada em 2013 para acompanhar e incentivar o cumprimento da Lei 12.651/ 12 em todo o país. Atualmente, o OCF conta com 27 instituições da sociedade civil.

terça-feira, 21 de novembro de 2017

Reunião do Conselho Gestor APA - NOVEMBRO 2017



Aos Conselheiros e demais convidados em contribuir para nossa APA!

Convidamos V.S.ª para a 43ª Reunião Ordinária do Conselho Gestor da APA-SFX, que se realizará no dia 23 de novembro de 2017, 5ª feira, com início às 13:30 horas, no Salão de Reuniões da Subprefeitura de São Francisco Xavier, na Rua XV de Novembro, 870, para cumprir a seguinte pauta:

  1. Aprovação ata 42ª reunião 
  2. Desafio das Serras – Relatório da corrida de setembro 
  3. CT Governança – Informes primeiros encontros. Plano de trabalho. 
  4. Renovação Conselho Gestor 
  5. Projeto Conexão mata Atlântica - informes e planos de trabalho 
  6. Lançamento de esgoto. Inquérito do ministério público 



Contamos com a colaboração de todos, visto que as ações da APA é de extrema importância para o distrito.





II Encontro dos Atores da Restauração Florestal do Vale do Paraíba


Te convidamos a participar do II Encontro dos Atores da Restauração Florestal do Vale do Paraíba, que acontecerá no dia 28 de novembro de 2017 no Departamento de Ciências Agrárias da UNITAU em Taubaté (Estrada Municipal Prof. Dr. José Luís Cembraneli, 5000 - Jardim Sandra Maria, Taubaté – SP). 

As inscrições devem ser feitas pelo site https://restauracaovp.wixsite.com/atoresdarestauracao . Caso o link não abra o site do Encontro, pedimos que copie e cole o endereço acima no seu navegador de internet.
Pedimos ainda sua atenção para o fato que temos limitação de espaço (230 pessoas) no auditório e demais dependências, e para bem receber a todos é importante que faça sua inscrição o mais breve possível, pelo SITE indicado acima.

A programação do evento encontra-se a seguir.

II Encontro dos Atores da Restauração Florestal do Vale do Paraíba

8:30 - Abertura
8:50 - Informes do Coletivo de Atores da Restauração
9:15 - Rede de Sementes do Xingu e a restauração da vegetação nativa por semeadura direta. ISA - Instituto Socioambiental
10:05 - Métodos e Modelos de Restauração com retorno econômico. APTA-SAA/SP e Futuro Florestal. 
11:05 - Mercado de Produtos da Restauração Florestal. Instituto Coruputuba e Instituto AUÁ   

12:00 - Mesa de debates

12:30 às 14:00 - Lanche no hall de entrada com apresentação de pôsteres com resultados de projetos, pesquisas, iniciativas e negócios em restauração florestal.
13:00 às 14:00 - Atividade Paralela: Reunião do Fórum Político do Projeto ROAM Vale do Paraíba 
14:00 - Bacias prioritárias para restauração florestal no Vale do Paraíba. UNITAU, Prof. Dr. Marcelo S. Targa. 
14:30 - Plano de Desenvolvimento Florestal Territorial para a porção paulista do Vale do Paraíba: resultados da aplicação da metodologia ROAM - WRI Brasil
15:30 - Arranjos Econômicos para Restauração em Larga Escala – WWF, Sandro Marostica.
16:15 - Evento de Lançamento da Rede de Atores da Restauração Florestal do Vale do Paraíba aprovação e assinatura do documento de criação.
16:45 - Próximos passos da Rede e Encerramento do Evento.

quarta-feira, 15 de novembro de 2017

VAGAS PARA INTEGRAR EQUIPE DO PROJETO CONEXÃO MATA ATLÂNTICA!

Estão Abertos editais de seleção de especialistas para atuarem no monitoramento do Projeto “Recuperação e Proteção dos Serviços de Clima e Biodiversidade no corredor Sudeste da Mata Atlântica Brasileira” (Projeto Conexão Mata Atlântica), coordenado pelo MCTIC e realizado em parceria com os estados de MG, SP e RJ.

As três vagas ofertadas estão relacionadas ao Componente 01 do Projeto, de responsabilidade do MCTIC, e o local de trabalho será em São José dos Campos (SP), na sede do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Os interessados devem ter ampla disponibilidade para realização de trabalhos de campo e visitas às áreas de intervenção do projeto. 

Mais informações sobre o Projeto Conexão Mata Atlântica e sobre as oportunidades de trabalho favor acessar os links abaixo, disponibilizados no site da FINATEC:





Para informações adicionais: 
Bruno Martinelli (bruno.martinelli@mctic.gov.br)
Danilo Santos da Silva (danilo.silva@mctic.gov.br).

terça-feira, 14 de novembro de 2017

13º FITS mostra a importância das Unidades de Conservação para o desenvolvimento econômico e turístico do país

A Fundação SOS Mata Atlântica promoveu no último sábado (28) o 13º Fórum Interamericano de Turismo Sustentável (FITS), durante a Adventure Sports Fair, principal feira de América Latina dedicada ao mercado de esportes e turismo. Nessa edição, o Fórum ressaltou a importância das Unidades de Conservação (UCs) para o desenvolvimento do país e da economia brasileira.
“O Brasil tem um potencial enorme para o turismo de natureza, com suas UCs. Esse encontro é muito importante para aperfeiçoar os modelos de parcerias com os nossos parques, além de mostrar a sua contribuição para o desenvolvimento do país”, disse Erika Guimarães, gerente de áreas protegidas da SOS Mata Atlântica.
Pedro Menezes, Coordenador Geral de Uso Público e Negócios do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), falou sobre os mecanismos de parceria com o setor privado e com a sociedade civil que tem sido adotadas pelo ICMBio para ampliar a visitação nas UCs e fortalecer a economia local no entorno dessas áreas. “Recebemos oito milhões de visitantes nas UCS federais em 2015, enquanto os EUA, por exemplo, receberam 600 milhões de pessoas”, afirmou.
Durante o evento, o ICMBio lançou um estudo sobre as contribuições do turismo em Unidades de Conservação para a economia brasileira.  Com base no levantamento, os 8 milhões de pessoas que visitaram as UCs brasileiras em 2015, movimentaram mais de R$ 4,1 bilhões e contribuíram com R$ 1,5 bilhão em valor agregado ao PIB, além da manutenção de mais de 43 mil empregos. “Isso mostra que muito mais que cuidar das UCs, essas áreas podem ser extremamente importantes para o desenvolvimento econômico e turístico do país”, afirmou o idealizador do estudo, Thiago Beraldo.
Mais recente exemplo de Unidade de Conservação em processo de abertura para visitação, o Refúgio de Vida Silvestre (REVIS) do Arquipélago de Alcatrazes, segunda maior UC marinha de proteção integral do país, contará com a parceria da SOS Mata Atlântica e apoio da Brazilian Luxury Travel Association (BTA) para a gestão dessa área.
A chefe do Refúgio de Vida Silvestre do Arquipélago de Alcatrazes (REVIS Alcatrazes), Kelen Leite, contou que a unidade está se preparando para receber visitantes, e será mais um ponto para turismo de mergulho e observação de fauna marinha no Brasil. “Alcatrazes abriga espécies endêmicas e possui um dos recifes de corais mais conservado e diverso do Sudeste e Sul do Brasil, sendo também área de reprodução e crescimento de espécies de valor comercial para o setor pesqueiro. O mergulho para apreciar essas belezas será o carro chefe do local. Para isso, estruturamos um plano para amenizar os impactos ao meio ambiente, e vamos monitorar a visitação, afirmou.
A diretora de Uso Público do Parque Nacional de Galápagos, Verónica Santamaría, que também esteve na Feira compartilhando as experiências de turismo nessa área, vê com bons olhos esse processo. “Assim como Galápagos, Alcatrazes é um Arquipélago com características únicas, pois possui uma fauna especial, espécies endêmicas e uma paisagem muito bonita, que oferece experiências marcantes aos turistas”, disse. Veronica destacou ainda que o turismo lá é feito em parceria com inúmeras operadoras e empresários locais, contribuindo para a economia local, modelo que também deve ser adotado em Alcatrazes.
O evento também discutiu ainda sobre boas práticas e sobre a necessidade de se avançar na revisão das normas de sustentabilidade do turismo no Brasil, e marcou a agenda de comemorações do Ano Internacional do Turismo Sustentável para o Desenvolvimento, data adotada pela Nações Unidas, com o objetivo avançar a contribuição do setor do turismo para os três pilares da sustentabilidade – econômica, social e ambiental – aumentando a consciência sobre a importância desse setor.
FONTE: https://www.sosma.org.br/

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

O gigantesco 'mar de lixo' no Caribe com plástico, animais mortos e até corpos

Camada de lixo que tem flutuado entre as costas da Guatemala e de Honduras vem causando tensão entre os dois países, que tentam descobrir uma solução para o problema.

                           Camada de lixo flutuando entre as costas da Guatemala e de Honduras (Foto: Cortesia de Caroline Power)

Latas, potes, talheres de plástico, roupas velhas, seringas e até animais mortos...
Essa é a cena típica de qualquer lixeira. Mas esta não uma lixeira qualquer.
Trata-se de uma ilha de lixo que flutua no Mar do Caribe, entre as costas de Honduras e Guatemala, um camada de objetos descartados que periodicamente chega às praias e que, ultimamente, tornou-se uma fonte de tensão nas relações bilaterais entre os dois países.
Embora não seja um fenômeno novo, ele é desconhecido de grande parte da comunidade internacional. Até por isso, as imagens do "mar de lixo" no norte de Honduras viralizaram nas redes sociais nas últimas semanas.
A fotógrafa britânica Caroline Power publicou várias fotos que mostravam as águas próximas à ilha turística de Roatán, cobertas de uma massa de detritos de todos os tipos.
Após a publicação das fotos e a chegada do lixo flutuante em vários municípios da costa norte hondurenha, ambos os governos realizaram uma reunião para discutir possíveis soluções para o imbróglio que se estende há mais de três anos, de acordo com as autoridades locais.
Mas as conversas ficaram mais tensas em um ponto fundamental: quem é o principal responsável pelos derramamentos?
De um lado, Honduras acusa seu vizinho de causar a poluição que atinge as praias de Omoa, Puerto Cortés e as Ilhas da Baía. Do outro, a Guatemala diz que é o país vizinho que derrama o lixo que o afeta.
Após as reuniões bilaterais, o governo de Tegucigalpa deu a seu vizinho guatemalteco cinco semanas para controlar os vazamentos.
Caso contrário, dizem, eles recorrerão a organizações e tratados internacionais.
      Talheres de plástico flutuam em camada de lixo Camada de lixo entre as costas da Guatemala e de Honduras (Foto: Cortesia de       Caroline Power)

Os efeitos

Carlos Fonseca vive há 60 anos na comunidade de Travesía, no município de Puerto Cortés, no norte de Honduras, e diz que há alguns anos passou a ser rotina limpar o lixo que chega à sua casa.
"Nas estações chuvosas, limpamos logo cedo e à tarde está cheio de lixo de novo, como se não tivéssemos feito nada. São pilhas e pilhas de lixo por todos os lados", conta à BBC Mundo.
Fonseca diz que são os vizinhos que, na maioria dos casos, são encarregados de limpar o lixo que chega à praia, ante a passividade das autoridades municipais.
"É uma situação infeliz, porque é lixo, traz doenças. Não sei se é daqui ou da Guatemala, mas para a gente é um pesadelo", diz ele.
José Antonio Galdames, ministro dos Recursos Naturais e Meio Ambiente de Honduras, disse à BBC que o problema do lixo que chega ao país está se tornando "insustentável" não só para o município de Omoa, um dos mais afetados, mas também para algumas ilhas e praias que constituem alguns dos principais destinos turísticos da nação centro-americana.
Na opinião do ministro, a presença de detritos flutuantes tem um impacto negativo em quatro dimensões básicas, pois gera danos ambientais, ecológicos, econômicos e de saúde.
"As pessoas não querem ir à praia porque têm medo da contaminação. Não é bom se deitar em uma areia onde você coloca suas costas e há uma agulha embaixo, ou você entra na água e fica com medo de encontrar algo contaminado", afirma.
Ian Drysdale, engenheiro ambiental que coordena uma iniciativa para a proteção do Sistema Arrecifal Mesoamericano, garante que essa barreira de coral, a segunda maior do mundo, é uma das principais afetadas pelo lixo.
"Devido aos movimentos das correntes marinhas, isso pode ter um impacto negativo em toda a barreira, tanto na parte que pertence a Honduras quanto na que pertence à Guatemala. Eu já encontrei lixo diversas vezes na região dos recifes de coral", conta à BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC.
                       Camada de lixo que tem flutuado entre as costas da Guatemala e de Honduras (Foto: Cortesia Caroline Power)

Atrás do 'culpado'

Mas de onde vem tanto lixo?
Galdames diz que por trás da poluição atual está o lixo que arrasa o rio Motagua, que atravessa a maior parte da Guatemala e desemboca em Honduras.
"A maior parte da bacia do Motagua está no lado guatemalteco. Dos 95 municípios que estão ao longo do rio, 27 estão despejando resíduos sólidos. Nós temos apenas 3 municípios que fazem fronteira com o rio. Por isso, 86% das descargas provêm deles", diz o ministro hondurenho.
Ele acrescenta que, quando as autoridades de seu ministério realizam inspeções, geralmente encontram objetos escritos "Made in Guatemala".
Mas isso, afirma, não é o pior.
"Estamos recebendo roupas, plástico, lixo hospitalar, objetos manchados com sangue, agulhas, seringas, animais e até mesmo corpos humanos", diz.
A versão do ministro indica que, na ausência de aterros na maioria dessas comunidades na Guatemala, na época de chuvas, a água drena o lixo para o rio, que o leva ao mar e depois, pelo movimento das correntes marinhas, se move para alguns municípios e ilhas de Honduras.
Rafael Maldonado, do Centro de Ação Jurídica Ambiental e Social da Guatemala, apoia essa teoria e acrescenta que, por trás dessa situação, há políticas equivocadas de sucessivos governos do país.
"A responsabilidade por este conflito do lixo é do governo guatemalteco, que durante anos evitou tomar medidas para evitar novos despejos nos rios", diz ele.
De acordo com o especialista, para evitar o investimento público milionário para criar um sistema capaz de evitar que o lixo termine nos rios, as autoridades da Guatemala adiam desde 2006 um regulamento para evitar a contaminação do Caribe.
"O que está acontecendo em Honduras é o resultado de uma má gestão ambiental na Guatemala. Honduras está recebendo o lixo de grande parte da Guatemala, incluindo a capital, que despeja seu lixo no rio Motagua e o leva para o mar. Isso acontece há anos e os governos não deram qualquer importância para não ter que fazer o investimento necessário", diz ele.
No entanto, o Ministro do Meio Ambiente da Guatemala, Sydney Alexander Samuels, considera que seu país está tomando as medidas necessárias para controlar os despejos no Caribe e garante que os rios hondurenhos são os principais responsáveis ​​pela atual situação.
"As acusações só levam em conta a parte da Guatemala. Eles também devem considerar o que estão fazendo. Eles têm um rio lá, o Chamelecón, que é praticamente um esgoto de Puerto Cortés e San Pedro Sula. A maior parte do lixo que chegou a Roatán é de Honduras", disse ele à BBC Mundo.
Samuels sustenta que seu governo nunca recebeu informações sobre a citada descoberta de corpos humanos entre no lixo transportado pelo rio.
"Eu nunca ouvi falar de cadáveres humanos lá. Se for esse o caso, teria que ser investigado de onde eles vieram. Eu não tinha ouvido isso", diz ele.
"Sim, nós contaminamos o Mar do Caribe através do rio Motagua. Mas eu esclareço que não é só o Motagua, mas também Chamelecón e Ulúa (dois rios de Honduras), e também asseguro que no próximo ano já não estaremos transportando lixo para esse mar, pois teremos toda a infraestrutura para que isso não aconteça", afirma.
O engenheiro ambiental consultado pela BBC, por outro lado, também acredita que Honduras tem responsabilidade no atual "mar de lixo".

"Há muitas comunidades em Honduras que não tem nem sequer um caminhão para coletar o lixo. A gente despeja o lixo nos rios e mais de 80% dos rios hondurenhos fluem para o Mar do Caribe. Esse costume de culpar o outro pela sua responsabilidade é muito comum. Acho que o problema do lixo é de todos", diz ele.

                             'Mar de lixo' entre as costas da Guatemala e de Honduras (Foto: Cortesia de Caroline Power)

Pressões e soluções

Além da disputa em torno das responsabilidades, outro tema que gera polêmica entre os dois países são as possíveis soluções para essa situação.
O ministro do Meio Ambiente de Honduras, embora não queira ignorar o trabalho do país vizinho para conter o despejo, questiona que as propostas da Guatemala estão orientadas "a médio e longo prazo".
"Eles estão falando sobre as soluções que entrarão em vigor em 2018. Mas nós pedimos para que eles tomem medidas imediatas: limpar os rios, limpar as praias, parar de jogar o lixo nos rios e fechar os despejos clandestinos. E que estabeleçam um sistema de alerta precoce para que possamos estar preparados para saber que o lixo chegará", diz ele.
"Não estamos à procura de problemas, não estamos à procura de ações judiciais. Estamos procurando responsabilidades comuns, mas diferenciadas, esse é o princípio. Se você tiver responsabilidade em 86% dessa bacia, deve ser sua responsabilidade procurar uma solução", acrescenta.
Galdames afirma que, se ele não receber uma resposta positiva até o final de novembro, seu país tomará medidas antes das organizações internacionais.
"Se eles não fizerem nada em cinco semanas, nos reservamos o direito de proceder de acordo com o estabelecido nos acordos internacionais que existem em águas marítimas, áreas de fronteira compartilhada e todos os acordos internacionais relacionados à proteção da diversidade biológica", diz.
Mas do lado guatemalteco, medidas imediatas não são contempladas.
"Eu acredito que não há moral aqui para estar falando sobre isso que eles vão processar a Guatemala ou que eles querem compensação, como eles tentaram mencionar, porque eu acredito que os rios deles são os que estão despejando. Nós já estamos agindo e vamos resolver esse problema até agosto do ano que vem. Não sei o que Honduras está fazendo. Honduras não está fazendo absolutamente nada", disse o ministro Samuels.
"Com que moral eles vêm nos dizer que querem medidas de curto prazo. O que eles querem? Concretamente, não há respostas. O curto prazo é agosto de 2018. Eles não têm nada, nem curto, nem médio, nem longo ou qualquer coisa. Essa é a questão que precisa ser esclarecida", acrescenta.
Mas enquanto o fim da disputa sobre o despejo de lixo entre os dois países ainda é incerto e se contemplam soluções a nível governamental, um rio silencioso de lixo flutuante continua a chegar às praias de Honduras.

"Agora, chegou uma frente fria e isso vai trazer mais chuva. E sabemos que quando chove a praia fica cheia de lixo. É assim há anos", diz Carlos Fonseca, da comunidade de Travesía.


                          Camada de lixo flutua entre as costas da Guatemala e de Honduras (Foto: Cortesia de Caroline Power)


FONTE: BBC BRASIL

SOS Mata Atlântica e ICMBio ampliam parceria na gestão de Unidades de Conservação

A Fundação SOS Mata Atlântica e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) oficializaram nesta sexta-feira (27) a ampliação de sua parceria na gestão de Unidades de Conservação (UCs). Durante a cerimônia, houve a renovação dos acordos de cooperação já existentes e a assinatura de novas parcerias.
O evento contou com as presenças de Pedro Luiz Passos e Roberto Klabin, respectivamente presidente e vice-presidente da Fundação SOS Mata Atlântica, além de Ricardo Soavinski, presidente do ICMBio.
“Esse encontro comemora o sucesso da parceria entre a SOS Mata Atlântica e o ICMBio. A primeira unidade federal marinha que apoiamos foi a Reserva Biológica do Atol das Rocas, há dez anos, com a criação de um fundo de perpetuidade no valor de R$ 1,7 milhão, na época, graças a doação de pessoas físicas. Os rendimentos desse fundo nos permitem apoiar a gestão, as pesquisas e garantir a sustentabilidade no longo prazo”, afirma Marcia Hirota, diretora-executiva da Fundação.
Cinco novas parcerias foram formalizadas durante o evento, elevando para 12 o número de UCs federais apoiadas pela Fundação SOS Mata Atlântica – que são geridas pelo ICMBio. São elas: Parque Nacional da Serra da Bocaina, Parque Nacional da Serra da Bodoquena, Parque Nacional do Itatiaia, Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (Rebio) e o Núcleo de Gestão Integrada de Alcatrazes, que contempla o Refúgio de Vida Silvestre de Alcatrazes e a Estação Ecológica de Tupinambás, e terá apoio da Brazilian Luxury Travel Association (BLTA). As outras cinco, que já contavam com apoio anterior, são: Atol das Rocas, Estação Ecológica da Guanabara/Área de Proteção Ambiental (APA) de Guapi-mirim, APA Costa dos Corais, Parque Nacional da Tijuca e a APA do Cairuçu, que se localiza em Paraty (RJ), e vem sendo apoiada pela SOS Mata Atlântica e parceiros desde 1998.
“A SOS Mata Atlântica mais que dobrou seu apoio direto a UCs federais neste ano. Essas áreas são importantíssimas para o desenvolvimento do país e da Mata Atlântica, porque, além de proteger a biodiversidade, contribuem para a produção de água, preservação do solo, desenvolvimento de pesquisas e oferecem espaços de convívio com a natureza por meio da visitação aos parques e atividades de educação ambiental”, disse Erika Guimarães, gerente de áreas protegidas da ONG.
Cada uma das cinco áreas receberá pelo menos R$ 90 mil ao longo de três anos, inicialmente, com possibilidade de ampliação do valor com a captação de novos recursos e parcerias. O objetivo é custear, inicialmente, despesas básicas do dia-a-dia, mas que têm extrema relevância para o bom funcionamento da unidade. “As parcerias são muito importantes para a gente conseguir dar conta do recado. Temos recursos grandes de compensação ambiental, mas faltam recursos para a operação”, afirma Ricardo Castelli, chefe da Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC).
Ele pretende usar o valor para custear materiais e serviços necessários para fiscalização, educação ambiental, manutenção da sede e bases, além de apoio à pesquisa.
Fundos
A ONG conta hoje com três fundos de perpetuidade – que beneficiam a Rebio do Atol das Rocas, a Estação Ecológica da Guanabara/APA de Guapimirim e APA Costa dos Corais, esta última em parceria com a Fundação Toyota do Brasil. Outras unidades, como a APA do Cairuçu e Parque Nacional da Tijuca, contam com fundos específicos para apoio à gestão, implementação do plano de manejo e conselhos, com apoio do Bradesco Cartões. Os valores investidos variam entre R$ 90 mil e R$ 10 milhões, de acordo com as possibilidades de captação de recursos.
“Os Fundos têm a função de aliviar o déficit financeiro das UCs e contribuem também para fortalecer as ONGs e iniciativas no entorno, em prol da conservação e  desenvolvimento regional. Além disso, esses modelos demonstram que diferentes setores da sociedade, pessoas físicas e empresas, também podem participar apoiando parques e reservas nas suas regões de influência”, diz Marcia.
Durante o evento, o presidente da Fundação SOS Mata Atlântica, Pedro Passos, celebrou avanços no envolvimento da sociedade com as Unidades de Conservação. “Podemos ajudar na construção de recursos, mas temos que contar com gente competente. O Brasil, apesar de todas as dificuldades que vem passando, na área ambiental, em que as ameaças de retrocesso são grandes, a gente conta com um alinhamento de astros muito interessante: pela primeira vez vemos uma mobilização da sociedade, com eco no poder público”, afirmou.
O vice-presidente da ONG, Roberto Klabin, por sua vez, ressaltou a importância das parcerias. “São 10 anos de parceria e de profunda melhora da maneira como acessar fundos para garantir o custeio das Unidades de Conservação. Estou muito feliz de estar aqui comemorando com todos. São vocês que fazem a coisa acontecer. O que fazemos não é cogestão, é uma parceria público-privada. A minha preocupação é essa, de ver as coisas acontecendo e as pessoas começarem a acreditar nesse tipo de colaboração”, disse.
Também presente à cerimônia, o presidente do ICMBio, Ricardo Soavinski, ressaltou a importância do envolvimento popular para a conservação das UCs. “Temos que fazer com que a sociedade tenha um sentimento de pertencimento em relação às Unidades de Conservação, pois elas são da sociedade, nós somos apenas os gestores. A gente passa, mas as UCs continuam. A sociedade tem que se aproximar mais. E acredito que estamos conseguindo alcançar esse objetivo”.
“Gostaria de agradecer à Fundação SOS Mata Atlântica e ao ICMBio pelo trabalho de união e esforço conjunto para trazer bons resultados”, afirmou a diretora-executiva da Fundação Toyota do Brasil, Saori Yano.

Fonte: https://www.sosma.org.br/ 

terça-feira, 24 de outubro de 2017

Frutas pouco conhecidas têm alto poder anti-inflamatório e antioxidante

 As frutas conhecidas como bacupari-mirim, araçá-piranga, cereja-do-rio-grande, grumixama e ubajaí ainda não ganharam fama, nem espaço nos supermercados. Se depender de suas propriedades bioativas, em questão de tempo elas poderão estar não só disputando espaço nas gôndolas como ganhando posição no ranking dos alimentos da moda.
Além dos valores nutricionais, as cinco frutas nativas da Mata Atlântica têm elevadas propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias. Foi o que verificou uma pesquisa desenvolvida na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP) em parceria com a Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e a Universidade de La Frontera, no Chile.
“Não havia muito conhecimento científico sobre as propriedades dessas frutas nativas. Agora, com os resultados do nosso estudo, a ideia é fazer com que elas sejam produzidas por agricultura familiar, ganhem escala e cheguem aos supermercados. Quem sabe elas não se tornam um novo açaí?”, disse Severino Matias Alencar, do Departamento de Agroindústria, Alimentos e Nutrição da Esalq, se referindo ao sucesso comercial da fruta amazônica com grande quantidade de antioxidantes e que hoje tem a polpa exportada pelo Brasil para vários países.
O trabalho, com apoio da FAPESP, teve resultados publicados na revista PLOS ONE.
No estudo foram avaliados os compostos fenólicos – estruturas químicas que podem ter efeitos preventivos ou curativos – e os mecanismos anti-inflamatórios e antioxidantes do extrato de folhas, sementes e polpa de quatro frutas do gênero Eugenia e uma do gênero Garcinia: araçá-piranga (E. leitonii), cereja-do-rio-grande (E. involucrata), grumixama (E. brasiliensis), ubajaí (E. myrcianthes) e bacupari-mirim (Garcinia brasiliensis), todas típicas da Mata Atlântica.
Como elas são espécies difíceis de serem encontradas e algumas estão em risco de extinção, as plantas foram fornecidas por dois sítios localizados no interior de São Paulo. As duas propriedades comercializam as plantas com o objetivo de preservação da coleção. Um dos produtores possui a maior coleção de frutas nativas do Brasil, somando mais de 1,3 mil espécies plantadas.
“Começamos nosso estudo prospectando as propriedades bioativas das frutas, pois sabíamos que elas poderiam ter boa quantidade de antioxidantes, assim como são as chamadas ‘berries’ americanas, como o mirtilo, a amora e o próprio morango, muito conhecidas pela ciência. Mas nossas frutas nativas se mostraram ainda melhores”, disse Alencar.
De acordo com o estudo, as espécies do gênero Eugenia têm um vasto potencial econômico e farmacológico evidenciado não só pelo número de publicações científicas, mas também pela exploração comercial de suas frutas comestíveis, madeira, óleos essenciais e uso como plantas ornamentais.
Elas são exemplos de alimentos funcionais, que, além das vitaminas e valores nutricionais, têm propriedades bioativas como o combate aos radicais livres – átomos instáveis e altamente reativos no organismo que se ligam a outros átomos, provocando danos como envelhecimento celular ou doenças.
“O organismo tem naturalmente antirradicais livres, que neutralizam e eliminam os radicais livres do corpo, sem causar dano. Porém, fatores como idade, estresse e alimentação podem promover um desequilíbrio nessa neutralização natural. Nesses casos, é preciso contar com elementos exógenos, ingerindo alimentos que tenham agentes antioxidantes como os flavonoides, as antocianinas do araçá-piranga e das outras frutas do gênero Eugenia”, disse Pedro Rosalen, da Faculdade de Odontologia da Unicamp em Piracicaba.
O pesquisador ressalta que há cerca de 400 espécies pertencentes ao gênero Eugenia distribuídas pelo Brasil, incluindo várias espécies endêmicas. “Temos uma imensidão de frutas nativas com compostos bioativos que trariam benefícios para a saúde da população. É preciso estudá-las”, disse.
Alencar é um dos pesquisadores do projeto “Bioprospecção de novas moléculas anti-inflamatórias de produtos naturais nativos brasileiros”, coordenado pelo professor Rosalen, também autor do artigo publicado na PLOS ONE.
Campeão contra inflamação
As frutas estudadas no projeto com elevada atividade antioxidante para serem usadas em indústrias de alimentos e farmacêuticas também tiveram pesquisadas as capacidades anti-inflamatórias. A grande estrela foi a araçá-piranga, como demonstraram em artigo publicado no Journal of Functional Foods.
“A araçá-piranga, espécie ameaçada de extinção, teve a melhor atividade anti-inflamatória em comparação com a de outras frutas do gênero Eugenia”, disse Rosalen. “O mecanismo de ação também é muito interessante, pois ocorre de forma espontânea e logo no começo da inflamação, impedindo uma via específica do processo inflamatório. Ela age também no endotélio dos vasos sanguíneos, evitando que os leucócitos transmigrem para o tecido agredido, reduzindo a exacerbação do processo inflamatório”
Rosalen destaca que os antioxidantes não têm como função única combater o envelhecimento ou a morte celular, mas a prevenção de doenças mediadas por processo inflamatório crônico. “A ação oxidante dos radicais livres também significa o surgimento de doenças inflamatórias dependentes, como diabetes, câncer, artrite, obesidade, doença de Alzheimer”, disse.
“Não percebemos muitas dessas lesões provocadas pelos radicais livres. São as inflamações silenciosas. Por isso, é importante a ação de sustâncias antioxidantes, que podem neutralizar os radicais livres”, disse Rosalen.
As pesquisas colaborativas, apoiadas pela FAPESP e pela Universidad de La Frontera, também permitiram ampliar o conhecimento sobre espécies nativas do Chile. Em um dos estudos, os autores demonstraram a atividade antioxidante e vasodilatadora da murtilla (Ugni molinae), uma fruta nativa do país.
No estudo publicado na Oxidative Medicine and Cellular Longevity, os pesquisadores destacam que o uso de preparações alimentares obtidas a partir de frutas e folhas da murtilla pode ter efeitos benéficos na prevenção e, possivelmente, no tratamento de sintomas de doenças cardiovasculares.
Alencar destaca que conhecer melhor as propriedades pode se mostrar uma boa alternativa para estimular a produção das frutas nativas.
“Antes do projeto com a Universidad de La Frontera, eu e o professor Pedro Rosalen já estudávamos as frutas nativas, pois acreditamos que elas podem revelar ótimas soluções alimentares para a sociedade”, disse.

Fonte: Maria Fernanda Ziegler  |  Agência FAPESP 
O artigo Antioxidant and Anti-Inflammatory Activities of Unexplored Brazilian Native Fruits, de Juliana Infante, Pedro Luiz Rosalen, Josy Goldoni Lazarini, Marcelo Franchin e Severino Matias de Alencar (https://doi.org/10.1371/journal.pone.0152974), pode ser lido em http://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0152974