sexta-feira, 26 de maio de 2017

Dossiê denuncia perigoso retrocesso na legislação ambiental brasileira

Relatório da organização WWF estima que projetos no Congresso podem tirar uma área do tamanho da Áustria do mapa de unidades de conservação do Brasil. Medida beneficiaria bancada ruralista em troca de apoio a reformas.
Brasilien Abholzung der Regenwälder (Getty Images/AFP/R. Alves)
O maior programa de áreas protegidas do mundo está em risco, alerta o WWF Brasil. Um território de 80 mil km2 – quase o tamanho da Áustria – pode sumir do mapa de unidades de conservação a qualquer momento, segundo um relatório publicado pela organização nesta quarta-feira (17/05).
Criado há 15 anos com recursos internacionais, o Programa Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa) pode desmoronar com o impacto de decisões tomadas em Brasilia. Segundo a organização, as medidas partem de setores do governo e do Congresso Nacional, impulsionados por produtores rurais e indústria da mineração, e mexe com reservas do Norte ao Sul do país.
Um dos projetos em tramitação do Congresso invalida unidades de conservação criadas onde havia proprietários privados e que não receberam a indenização no período de cinco anos. A aprovação da proposta pode levar ao desaparecimento de 56 mil km2 de reservas, segundo estimativas do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o equivalente a 10% do território das unidades de conservação federais.
Infografik Naturschutzgebiete POR
Moeda de troca
O Observatório do Clima classifica o momento como um "ataque sistemático coordenado". Para aprovar reformas polêmicas, como a da Previdência, o Palácio do Planalto tem cedido às pressões da bancada ruralista, com seus mais de 200 votos, acusa Carlos Rittl, secretário-executivo.
"É uma agenda de retrocesso, como a Medida Provisória que literalmente regulariza a grilagem de terra", diz, em referência à Medida Provisória 759, que tramita no Senado em regime de urgência.
Na avaliação da Fundação Heinrich Böll, ligada ao Partido Verde da Alemanha, o pacote de medidas que vem tramitando no Parlamento brasileiro "é um retrocesso sem precedentes na legislação ambiental nacional, que antes da aprovação do novo Código Florestal, em 2012, era considerada uma das legislações ambientais mais completas e avançadas do mundo", pontua Maureen Santos.
Pesquisadores da área de meio ambiente também demonstram preocupação. "A comunidade científica brasileira tem se manifestado fortemente contra a atual política implementada pelos ruralistas no Congresso e no governo de destruição das leis que protegem o rico patrimônio ambiental brasileiro", afirma Paulo Artaxo, pesquisador da Universidade de São Paulo (USP) e um dos pesquisadores do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC).
Consultado, o Ministério do Meio Ambiente não respondeu ao pedido de entrevista da DW Brasil.
Desmatamento e crise
O dossiê do WWF chama atenção para outro dado: o aumento do desmatamento dentro das áreas de conservação na Amazônia.
Assistir ao vídeo01:01

Indígenas lutam por seus direitos na conferência do Clima, na Alemanha

"O desmatamento crescente nas unidades reflete a tendência atual de redução de proteção. Várias delas vêm sendo alteradas por dois motivos principais: produção e distribuição de energia e ocupações irregulares", ressalta Elis Araújo, pesquisadora do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).
Em toda a Amazônia, o corte da floresta aumentou 60% em 2016 – num momento de desaceleração da economia, classificada como pesquisadores da Unicamp como "a pior crise da história nacional".
Maureen Santos vê indícios de que o governo transfira à iniciativa privada o monitoramento das florestas do Brasil, o que ela considera perigoso. "Estão reduzindo o papel do Estado na proteção ambiental e jogando para o setor privado essa tarefa", critica.
"Todos esses retrocessos e avanço do desmatamento não trazem beneficio para sociedade brasileira. O custo é altíssimo. Todos arcamos com custos muito altos para o benefício de muito poucos", afirma Carlos Rittl.
Clima de retrocesso
A votação das leis em Brasilia pode comprometer as metas assumidas pelo país – e votadas pelo Congresso – de combate às mudanças climáticas. "Vai na contramão do acordo de Paris recentemente ratificado pelo Brasil", pontua Rodrigues dos Santos, do WWF Brasil. "É um contrassenso você dizer ao mundo que tem compromisso em cuidar das Arpas e internamente agir na direção contrária."
Além do corte de emissões de CO2, o principal gás causador do efeito estufa, o país se comprometeu em acabar com o desmatamento até 2020 e reflorestar 12 milhões de hectares até 2030.
"Isso é essencial para minimizar os impactos das mudanças globais e sequestrar carbono da atmosfera, além de garantir o correto funcionamento dos ecossistemas brasileiros", explica Paulo Artaxo, citando exemplos como a manutenção dos fluxos de água das bacias hidrográficas brasileiras e a biodiversidade.
Trocar Floresta Amazônica por áreas de pastagens e plantios não é um bom negócio, alerta o pesquisador. "Vai reduzir a emissão de vapor de água para a atmosfera, essencial para a formação de nuvens e chuva em toda a América Latina", prevê.


  • Autoria Nádia Pontes

Congresso abre portas para ampliar desmatamento na Amazônia

Projeto aprovado no Senado nesta terça reduziu área da Floresta Nacional de Jamanxim, no Pará

Medida possibilita legalização de latifúndios e permite novas ocupações em áreas hoje preservadas. 

Brasília MAI 2017 - 18:38 CEST

Desmatamento na Amazônia.Ampliar foto
Desmatamento na Amazônia. JOS BARLOW
O Senado aprovou nesta terça-feira uma Medida Provisória que diminui a proteção ambiental em uma região onde as áreas de conservação federais já são as mais desmatadas. A Floresta Nacional do Jamanxim, em Novo Progresso (Pará), perdeu 480.000 dos seus 1,3 milhão de hectares, que foram incorporados à Área de Preservação Ambiental (APA) do Jamanxim, um tipo de proteção de menor rigor. Isso facilitará a legalização fundiária de latifúndios irregulares e possibilitará a ocupação de novas terras, hoje intactas, dentro da floresta amazônica, segundo ambientalistas.
O texto ainda terá que passar por sanção do presidente Michel Temer. A área ambiental do Governo já sinalizou que pedirá para que o presidente vete a medida que, pelas previsões do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgão ligado ao Ministério do Meio Ambiente, pode causar a degradação de 320.000 hectares de floresta, ou pouco mais do que duas vezes o tamanho da capital paulista.  
O projeto havia sido aprovado na terça passada na Câmara. Ele era uma versão modificada de uma Medida Provisória enviada ao Congresso pelo Governo federal. A medida original pretendia reduzir uma área de 304.000 hectares de Floresta Nacional (Flona), onde a ocupação privada é proibida, para APA, onde ela é permitida obedecendo regras ambientais. Segundo o diretor de criação e manejo de unidades de conservação do ICMBio, Paulo Carneiro, o objetivo era tentar solucionar um conflito fundiário existente na área, permitindo a regularização de propriedades que já estão dentro da floresta. Algumas delas já estavam no local antes da criação da Flona, há 11 anos. A retirada desses ocupantes exigia medidas judiciais. Regularizando estas áreas, seria possível fazer exigências ambientais aos proprietários, afirma Carneiro.
Para compensar o rebaixamento, o Governo propunha ainda que 437.000 hectares dos 1,3 milhão da floresta nacional fossem incorporados ao Parque Nacional do Rio Novo, uma área de proteção integral, ou seja, de conservação ainda mais rígida que as Florestas Nacionais. "Era uma medida compensatória, lastreada no Plano de Manejo da unidade e que abrangia a área mais relevante para a biodiversidade", explica o diretor do ICMbio.
A proposta, entretanto, sofreu mudanças no Congresso, durante uma comissão mista (da Câmara e do Senado), criada para analisar a Medida Provisória do Governo. A Câmara acabou aprovando o relatório do deputado federal José Priante (PMDB/PA). O texto desconsiderou a possibilidade de transformar parte da área em parque e aumentou em 176.000 hectares a área destinada à APA. Em seu Facebook, o deputado postou um vídeo em que comemorou a aprovação. "Dizia aos colegas, hoje [terça passada] estamos discutindo e votando a vida dos brasileiros que moram em Novo Progresso, um município onde as pessoas foram chamadas para habitar e lá produzem (...) Nós nada mais fizemos do que regular uma relação entre o homem que habita e produz nesta região com a preservação ambiental", afirmou ele. 
A área destinada à APA pelo Congresso, entretanto, corresponde a uma quantidade maior do que a necessária para regularizar as propriedades já existentes lá, segundo cálculos do ICMbio. Existem no local, segundo Carneiro, 250 fazendas, a maioria latifúndios onde é feita a criação de gado. Também há uma forte presença de retirada seletiva de árvores nobres no local. "O Congresso exagerou a área da APA e, com isso, pode abrir uma nova frente de ocupação, já que na APA há a possibilidade de se regularizar a propriedade, o que não existia antes com a Flona", explica ele. Segundo ele, 320.000 hectares dentre o total rebaixado ainda são de floresta não ocupada.
A região onde está localizada a Jamanxim concentra as 12 unidades de conservação federal com maior quantidade de desmatamento ilegal. Segundo o ICMbio, 67% de toda a destruição em áreas preservadas federais do país ocorrem nestas unidades. O desmatamento na Amazônia cresceu 30% em 2016, últimos dados disponibilizados pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia. Pará, Rondônia e Mato Grosso são os Estados que mais desmataram naquele ano.
Fonte: http://brasil.elpais.com/brasil/2017/05/18/politica/1495058888_669414.html

O 1º LEED v4 do Brasil

 Vitor Tosetto  estará na AEA dia 8/6 na ministrando a palestra gratuita sobre - Os desafios e o desempenho do 1º Edifício LEED v4 do Brasil


Segue abaixo a matéria sobre o empreendimento.

Como construímos o 1º LEED v4 do Brasil

Artigo escrito pela equipe da LarVerdeLar.
Espaco LarVerdeLar GOLD site
O Espaço LarVerdeLar é um edifício sustentável que abriga a sede da Controle, empresa voltada para o controle de Pragas Urbanas. Trata-se da primeira edificação brasileira a receber a certificação LEED em sua versão mais atual, a v4. Localizado em Governador Valadares, no interior de Minas Gerais, o Espaço LarVerdeLar obteve como resultados mais expressivos uma média de 88% das horas operacionais no ano em uma temperatura agradável aos usuários, sem o uso de ar-condicionado, 88% de economia de energia, redução em 74% do consumo de água potável e 94% dos resíduos gerados durante a obra reutilizados ou reciclados.
O grande desafio no projeto do Espaço LarVerdeLar foi criar um edifício eficiente utilizando sistemas construtivos simples, disponíveis na região e de custo acessível ao cliente e ao mercado local.
O edifício surpreende no cenário da certificação LEED por suas proporções, relativamente pequenas dentre as demais obras comerciais certificadas, e devido à sua localização em uma cidade interiorana, de médio porte e fora do eixo Rio-São Paulo.
A tipologia do Espaço LarVerdeLar é peculiar, atendendo a dois possíveis usos. Inicialmente abriga a Controle, mas foi imperativa a flexibilidade para se tornar facilmente uma residência unifamiliar. O projeto foi concebido sendo conversível em uma casa com três suítes, sala, copa, cozinha, área de lazer, garagem, depósito e despensa. Foram também previstas a posição e as instalações elétricas das unidades evaporadoras e condensadoras, para atender à possível vontade de um novo proprietário de instalar aparelhos de condicionamento de ar. O edifício se tornou, assim, mais vendável e menos sujeito à obsolescência, reformas e demolição.
Layouts projetados para comércio e residência
Coube à equipe de projeto aplicar estratégias que atendessem aos anseios do cliente, além de cumprirem com a missão de aplicar efetivamente os princípios da construção sustentável em um contexto no qual ela é pouco corriqueira. Para isso, o processo de certificação LEED foi usado como um meio para se alcançar as diretrizes do empreendimento, provendo os critérios para o trabalho.

Etapas do Empreendimento

O Processo de Projeto Integrado, como definido pelo padrão ANSI Consensus National Standard Guide (2012), foi fundamental desde a concepção do empreendimento. A equipe se organizou primeiramente em uma reunião (1º Workshop) para apresentação dos princípios para desenvolvimento de uma construção sustentável e definição dos critérios para a certificação LEED v4. Ainda, foram alinhados os conhecimentos da equipe, sendo reforçada a importância do Projeto Integrado – a maioria dos projetistas era local e não tinha experiência prática com construções sustentáveis.
Estabeleceram-se tarefas de pesquisa para os integrantes, para que na reunião posterior (2º Workshop) fossem estabelecidos os objetivos e metas que nortearam o desenvolvimento do projeto. Desde as reuniões iniciais, Proprietário, Projetistas, Construtor, Consultor de Sustentabilidade e Agente de Comissionamento (CxA) colaboraram juntos para direcionar os trabalhos. Devido ao porte do projeto e à sua qualidade pioneira na versão v4 do LEED, houve também cooperação próxima entre a equipe de trabalho e o Green Building Council Brasil.
Fluxograma de desenvolvimento do projeto
Durante a fase de pesquisa, foram analisados o regime hidrológico da região, o trajeto do sol e o regime de ventos, os materiais e estratégias para conforto térmico, os equipamentos urbanos disponíveis na vizinhança e a disponibilidade de transportes públicos e alternativos. O proprietário tinha como requisitos de projeto: obter uma obra com baixos custos de manutenção e menor impacto ambiental possível cujos métodos construtivos fossem adequados à realidade social da mão-de-obra disponível, porém otimizados e que gerassem poucos resíduos. Todos os critérios do cliente e os resultados dos encontros foram reunidos na primeira versão do documento OPR (Owner’s Project Requirements ou Requisitos de Projeto do Proprietário).
Partindo das condicionantes para o projeto, a equipe ocupou-se em identificar as estratégias projetuais da arquitetura bioclimática que poderiam adequar-se à proposta e ao terreno. Gerou-se um projeto base, o Anteprojeto Arquitetônico, que foi avaliado em reunião (3º Workshop) pela equipe e pelo Agente de Comissionamento (CxA) para verificar o cumprimento dos requisitos documentados no OPR. As sugestões de melhorias identificadas foram incorporadas ao projeto, que foi ajustado pela equipe e passou por uma análise preliminar do consumo de energia e água no edifício, o Simple Box. Os resultados dessa avaliação, indicaram novos pontos de melhorias, fundamentais para se alcançar o nível desejado de eficiência no empreendimento e tratados no 4º Workshop. Deste novo encontro, resultou a segunda versão do OPR.
Para chegar aos desenhos básicos, a equipe de projeto dedicou-se às correções sugeridas na simulação preliminar. Como exemplo, foi preciso substituir os blocos de concreto celular de 12,5cm de espessura pelos de 15cm; incluir uma camada de 7cm de polietileno entre a laje e telhado verde e reduzir a área de algumas janelas a fim de minimizar o ganho de calor interno. Além do pacote de desenhos básicos (Projetos Arquitetônico e Complementares), produziu-se também a primeira versão do documento BOD (Basis of Design ou Bases de Projeto), no qual os projetistas registraram as premissas, cálculos e materiais que embasaram as decisões de projeto. Esse conjunto de documentos foi novamente avaliado pelo agente de comissionamento, que verificou sua conformidade com o OPR.
Em seguida, o projeto passou pela 1º Simulação Termoenergética para se explorar o nível de desempenho do edifício em termos de conforto térmico, incidência de iluminação natural e eficiência energética.
Como resultados da simulação, foram identificados altos índices percentuais de horas em conforto térmico por ambiente, mesmo sem o uso de sistemas condicionadores de ar. Os ambientes regularmente ocupados* atingiram os percentuais de 99,0% – Sala de Gerência, 95,2% – Área de Descanso e Vestiário, 90,6% – Escritório e 88,1% – Sala de Reunião.
Tabela de Percentual de Horas em Conforto Termico
Grafico Temperatura x Conforto - GerenciaGrafico Temperatura x Conforto - Sala de Reuniaco
Resultados da simulação de conforto térmico para Governador Valadares
Também foi possível aproveitar ao máximo a iluminação natural, sem, contudo, causar ofuscamento para os usuários. Os níveis de iluminância dos ambientes mantiveram-se entre 300 e 3.000 lux para 100% da Sala da Gerência, 94,5% do Escritório e 90,3% da Sala de Reunião.
Ilumincao natural
Resultados da simulação de entrada de luz natural no Equinócio (21/março ou 21/setembro)
Por último, a simulação também indicou que as soluções do projeto, comparadas a um modelo de referência contruído com base na Ashrae 90.1-2010 levariam o edifício a uma economia de energia estimada em 88%.
Conhecido o desempenho estimado para o empreendimento, foram produzidos os Projetos Executivos. Neste momento, elaborou-se uma nova versão do BOD, que foi juntada aos demais documentos do empreendimento para análise do projeto (Design Review) pelo GBCI visando à certificação LEED BD+C v4. Como resultado preliminar, foram pré-aprovados 54 pontos entre os créditos possíveis para a certificação, o que levaria ao selo Silver.
Na sequência, iniciou-se a elaboração de Procedimentos de Obra, que orientaram o controle da erosão do solo e da sedimentação de materiais no sistema de drenagem, assim como, o gestão dos resíduos sólidos. Simultaneamente, procedeu-se à 2º Simulação Termoenergética, dessa vez, confirmatória dos resultados previstos para o projeto.
Obra do Espaço LarVerdeLar durou cerca de 16 meses e foi acompanhada de perto pelo Proprietário e pelo Consultor de Sustentabilidade. Ao final, toda a documentação comprobatória da obra foi organizada e enviada para análise confirmatória pelo GBCI. Como resultado final, o empreendimento alcançou 61 pontos e obteve a Certificação LEED BD+C v4 no nível Gold.

Especificidades da Obra

Os materiais e sistemas construtivos foram especificados de acordo com as estratégias bioclimáticas passivas pretendidas. Alternativamente ao uso do ar-condicionado, foram priorizados a ventilação natural e cruzada, o efeito chaminé, o sombreamento por meio de brises-soleil e a especificação de sistemas de vedação e cobertura com alta inércia térmica. Para as horas fora da zona de conforto definida pela ASHRAE 55-2010, que são em média menor do que 12% do total, foram previstos ventiladores de teto. Para a cobertura do escritório, que pode ser acessada pelos usuários, foi prevista a manutenção de um colchão de ar sob a laje pré-fabricada em vigotas de concreto e blocos de isopor (EPS), seguida por um contrapiso de concreto de 7 cm envolto por duas camadas adicionais (acima e abaixo) de 7 cm de isopor (EPS), manta asfáltica (impermeabilização) e 20 cm de substrato, que recebeu a vegetação para cultivar uma horta urbana. Na cobertura da sala de gerência, substituiu-se a horta por jardim; para a cobertura da garagem, especificou-se telha termoacústica também com cobertura vegetal. Sobre estes dois espaços, a camada de substrato foi de 5 cm.
Esquema da laje
Esquema de construção das coberturas vegetadas
Além das coberturas verdes, na área térrea externa há uma parcela significativa coberta por jardins, de forma que 79% da área total do terreno são cobertos por materiais com baixo potencial de absorção de calor e aquecimento da vizinhança. O uso desses materiais evita o fenômeno urbano das Ilhas de Calor, que poderiam elevar entre 1 e 3°C a temperatura do entorno ao edifício[1] (para o período do dia e em comparação às localidades mais afastadas da área urbana). A permeabilidade do terreno é garantida pelos jardins, com área total de 40,2 m2, além de outros espaços descobertos, equivalentes a 31% do terreno, com os chamados Espaços Abertos que estimulam atividades ao ar livre e constituem-se como áreas esteticamente agradáveis.
Layouts Open Space
Disposição dos espaços abertos
Vários serviços, tais como restaurante, supermercado, farmácia e igrejas estão disponíveis a uma distância curta do empreendimento, em um raio de até 800 metros. Dessa forma, a caminhada é encorajada e reduz-se a necessidade de deslocamento por automóvel. Há também pontos de ônibus nas proximidades e uma ciclovia na via arterial mais próxima. O Espaço LarVerdeLar conta com bicicletários externos, internos e vestiários, para incentivar o uso da bicicleta por seus usuários, que podem chegar ao edifício pelas ciclovias implantas em suas principais vias de acesso.
Mapa
Mapa com localização dos serviços próximos
Estima-se que o Espaço LarVerdeLar alcance uma economia relativa de 88% no consumo de energia elétrica proveniente da Concessionária de Energia, por meio das estratégias passivas de conforto ambiental, da especificação de controles automáticos para as luminárias e uso de lâmpadas LED de baixa densidade de potência (4 W/m2), além do aquecimento solar de água e a geração de 3426 KWh/ano por meio do sistema fotovoltaico. A comparação considera um modelo de referência com instalações e usos típicos, estabelecido conforme a ASHRAE 90.1-2010.
Consumo de Energia
Resultados da estimativa do consumo de energia no edifício
Outras medidas para otimizar a iluminação no empreendimento incluíram a especificação de materiais de piso, pintura e mobiliário nos interiores com altos níveis de refletância, controle das luzes externas por timer e fotocélula, sensores de presença nos ambientes de circulação, a individualização das luminárias dos postos de trabalho com controles dimerizáveis, além da programação para desligamento automático de todas as lâmpadas dos ambientes internos às 20h.
Como alternativa ao aquecimento da água por chuveiros elétricos ou a gás, foi proposto um sistema de aquecimento solar de água, composto por 2 coletores solares e um reservatório (boiler) de 400 litros, ambos com a Etiqueta Nível A do Procel. O dimensionamento deste sistema considerou a flexibilidade de uso do edifício, que poderá ser ocupado por uma família de até 5 pessoas.
Toda a energia elétrica consumida pelo edifício é proveniente de fonte renovável, sendo 74% oriundos da geração fotovoltaica, composto por 8 placas e 1 inversor que permite a interligação à rede da Concessionária de Energia. Os 26% restantes são decorrentes da aquisição de Certificados de Energia Renovável (RECs), que se configuram como um investimento indireto, na mesma parcela da demanda do edifício, na geração de energia limpa.
REC
Certificado de Energia Renovável do Espaço LarVerdeLar
O consumo racional de água foi assegurado com estratégias de redução de consumo, presentes no uso peças e metais com baixa vazão, aliados a sistemas que permitem alto rendimento; no paisagismo da edificação, no sistema de irrigação automatizado e eficiente, e no uso de água de chuva. Para acompanhar a performance de gestão hídrica, foi prevista uma rede com 4 hidrômetros para monitorar com detalhes o consumo de água.
Consumo de Agua
Resultados da estimativa do consumo de água potável
Optou-se por usar torneiras com arejadores tanto na cozinha quanto nos banheiros que permitiram reduzir a vazão de água para 3,6 e 1,8 litros/minuto, respectivamente. Também estão instaladas bacias sanitárias com duplo acionamento (Dual Flush) e mictórios secos.
Para o paisagismo, o principal critério para a especificação das espécies vegetais foi sua adaptabilidade às condições locais, exigindo pouca demanda de água e manutenção. Por esse motivo, evitou-se ao máximo forração com grama. Um sistema de irrigação composto por microaspersão no terraço com horta e gotejamento nas demais áreas vegetadas permite reduzir a perda de água por evaporação e promover maior absorção de água pelas raízes das plantas.
Tanto para a irrigação dos jardins quanto para o abastecimento das bacias sanitárias, será utilizada água da chuva. O objetivo dessa medida é poupar a água potável tratada, fornecida pelo abastecimento municipal que demanda grande quantidade de energia e produtos químicos. Assim, é esperada uma captação anual de cerca de 50 m3, em aproximadamente 125 m2 de telhado, sendo destinados 19% para vasos sanitários e 81% para irrigação.
Agua de Chuva
Esquema de captação e aproveitamento de agua de chuva
O controle e medição de consumo de água serão realizados por setor de consumo, e os dados obtidos serão disponibilizados no site oficial do projeto, como forma de informar e conscientizar o público geral acerca do uso racional desse recurso. A rede tem como objetivo a identificação de falhas e vazamentos no sistema, permitindo acelerar sua manutenção.
Esquema dos hidrometros
*H0 a H1 correspondem aos hidrômetros instalados
Rede de monitoramento do consumo água
A gestão de resíduos para o empreendimento compreende tanto a fase de obra, quanto a de operação. Durante a obra, estabeleceu-se a meta principal de dar destinação alternativa a 70% dos resíduos, evitando seu envio para o aterro sanitário. Os resíduos foram divididos em 7 categorias: papel/papelão, plástico, metal, madeira, entulho, comuns e perigosos. Uma parte da madeira foi doada para instituição sem fins lucrativos e a restante destinada à queima em fornos de geração de energia de indústrias cerâmicas da região; 53% do entulho foram reutilizados na própria obra, 46% encaminhados para usina de reciclagem específica de resíduos da construção civil, e 1% doado a entidades filantrôpicas; papel, papelão, isopor, metal e plástico foram doados para o centro de reciclagem do munícipio (ASCANAVI); os resíduos perigosos foram incinerados por empresa especializada; e aqueles que não têm tecnologia de reciclagem disponível e não são perigosos foram destinados a aterros sanitários classe II. Todo o processo de destinação foi documentado.
Para a fase de operação do edifício, os resíduos possuem uma área interna de armazenamento temporário (CATRE), até a coleta feita pelo município ou o encaminhamento adequado. Dentro do edifício há coletores específicos para os tipos de resíduo mais comuns gerados em cada ambiente, sendo eles: pilhas e baterias; resíduos eletrônicos; resíduos perigosos; resíduos comuns (não recicláveis); papelão e demais resíduos recicláveis.
Residuos
Na obra do Espaço LarVerdeLar houve a preocupação especial em se evitar que os materiais particulados chegassem à rede pluvial pública, contribuindo para o assoreamento do Rio Doce. Foi elaborado e implantado um procedimento específico para controle de erosão e sedimentação de materiais, que inclui: o cercamento do terreno e a proteção dos bueiros com um cordão de contenção; o uso do muro pré-existente como barreira de contenção; a restrição do acesso de veículos ao terreno, como forma de evitar o carregamento de sólidos pelas rodas; a proteção do solo contra o contato da água de lavagem da betoneira; o controle da poeira; a proibição de atividades da obra em vias públicas; o armazenamento adequado do produtos químicos e monitoramento das chuvas para evitar danos nas estruturas de contenção de sólidos.

Superações e Aprendizados

O objetivo da equipe de projeto para o empreendimento Espaço LarVerdeLar foi realizar um projeto de capacitação modelo em construção sustentável. Para tanto, empregou-se a certificação LEED v4 como meio para a sustentabilidade, e não como um fim em si. No entanto, o resultado da certificação surpreendeu positivamente a equipe, chegando ao nível Gold em sua primeira obra certificada.
Como resultados favoráveis, além dos indicadores já apresentados, destacou-se o aprendizado da equipe envolvida, permitindo o desenvolvimento de uma capacidade técnica para realização de projetos e construções sustentáveis para toda a região do empreendimento. Da mesma forma, a aplicação prática do Projeto Integrado nas bases do ANSI Consensus National Standard Guide (2012) e a percepção do usuário final como contribuidor para manter um edifício sustentável foram aprendizados de grande valia para a equipe envolvida. Atesta-se, assim, a viabilidade da construção sustentável no panorama da cidade de médio porte, sobretudo quando se estabelecem parcerias e quando há efetiva cooperação entre equipe de projeto, cliente, investidores; equipe de execução, fornecedores e autoridades.

Rodrigo Roveri
Fonte: http://larverdelar.com.br/

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Viva a Mata 2017

SOS Mata Atlântica
24 de Maio de 2017
 nº. 605
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